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27 de outubro de 2012

Lição 4 - Amós, a justiça social como parte da adoração

Comentário da lição do fim de semana
 
Introdução
Pastor e podador de sicômoros (figueiras), a vida profissional de Amós (terceiro dos profetas menores), se revela em seu estilo, cheio de imagens retiradas da natureza e da vida campestre. Consciente da corrupção interna do reino de Jeroboão II, e de que a moralidade social é um fator determinante da vida de um povo, repreende as classes ricas, que exploram os trabalhadores. Em consequencia desses pecados para proveito próprio, muitos castigos sobrevirão.

O penúltimo capítulo do livro relata as visões de pragas de gafanhotos, seca, fome e luto; no último, vêm as perspectivas de recuperação e de fecundidade paradisíaca, em que as cidades serão restauradas.

Amós era natural de Tecoa, um povoado que ficava ao sul de Jerusalém, a menos de 20 km da capital de Judá (Am 1.1). Sua tividade antes de exercer o ministério profético era a de boieiro (vaqueiro) e de cultivador de sicômoros (Am 7.14). Não se sabe ao certo se na condição de boieiro Amós era proprietário de um pequeno rebanho ou um assalariado. A atividade de cultivador de sicômoros, fruto comestível, implicava em arranhar as frutas com a unha ou com um objeto de metal antes que amadurecessem, para que dessa forma ficassem doces.

O PROFETA, O LUGAR E A ÉPOCA EM QUE EXERCEU O SEU MINISTÉRIO
O ministério profético de Amós foi exercido em Betel (hb. bet-’el, casa de Deus). A cidade de Betel chamava-se Luza, mas os israelitas, ao se apropriarem da região, passaram a chamá-la como o nome do santuário cananeu. A narrativa histórica sobre Abraão e Jacó faz menção de Betel (Gn 12.8; 13.3-4; 28.10-22). Após o cisma entre as tribos do norte e do sul, em aproximadamente 931 a.C., Betel foi transformado em santuário nacional pelo rei Jeroboão I, que aí instalou a imagem de um touro (I Rs 12.26-33). Amós profetizou quando Uzias era o rei de Judá, e Jeroboão II (filho de Joás, reinava em Israel, por volta de 760 a.C.

OS DESTINATÁRIOS DA MENSAGEM PROFÉTICA DE AMÓS
As primeiras mensagens proféticas de Amós são direcionadas a Damasco (1.3), Gaza (1.6), a Tiro (1.9), a Edom (1.11), a Amom (1.13) e a Moabe (2.1). Como é de se esperar, quando as profecias são juízos de Deus contra os inimigos de Israel, o povo se une e aplaude o profeta. A sétima mensagem profética é também bem recebida, pois se destina a Judá (2.4), cuja rivalidade com o reino do Norte era ainda grande.

Conheço “profetas” hábeis na arte de profetizar contra os “inimigos” de uma instituição ou da liderança, mas não se portam da mesma maneira quando as coisas na instituição para quem profetizam, ou na liderança da mesma não vão bem. Amós não era esse tipo de profeta, levado pela conveniência.

A oitava mensagem de Amós se volta contra a própria nação de Israel, denunciando as mazelas da classe dominante, do sistema vigente, injusto e opressor. Amós não recuou diante da difícil e impopular tarefa de profetizar contra os seus ouvintes.

A MENSAGEM PROFÉTICA DE AMÓS
Entre os pecados denunciados por Amós estavam:
- O luxo das classes dominantes:
Ai dos que repousam em Sião e dos que estão seguros no monte de Samaria; que têm nome entre as primeiras nações. E aos quais vem a casa de Israel. […] que dormis em camas de marfim, e vos estendeis sobre os vossos leitos, e comeis os cordeiros do rebanho e os bezerros do meio da manada; que cantais ao som do alaúde e inventais para vós instrumentos músicos como Davi; que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente óleo, mas não vos afligis pela quebra de José. Eis que, agora ireis em cativeiro entre os primeiros que forem cativos, e cessarão os festins dos regalados. (Am 6.1, 4-7)

Os pecados do tempo de Amós não se repetem em nossos dias?
E o que falar das “vacas de Basã” (Am 4.1)? As mulheres em Samaria incitavam os maridos para manter a opressão e o luxo, pois do mesmo também desfrutavam. Eram mulheres compulsivas.
Para as vacas de Basã Amós profetizou:
Jurou o Senhor Jeová, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis e a vossos descendentes com anzóis de pesca. E saireis pelas brechas, uma após outra, e vos lançareis para Hermom, disse o Senhor. (Am 4.2-3).

- A injustiça social:
Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis um tributo de trigo, edificareis casas de pedras lavradas (casas luxuosas), mas nelas não habitareis; vinhas desejáveis plantareis (sítios e fazendas), mas não bebereis do seu vinho. Porque sei que são muitas as vossas transgressões e enormes os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate e rejeitais os necessitados na porta. (Am 5.11-12)
Reparem na riqueza de detalhes desta mensagem, e das suas similaridades com situações vivenciadas em nossos dias

- A formalidade no culto e na adoração a Deus
Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me dão nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei delas, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos. (Am 5.21-23)
Assim como fez Isaías acerca de Judá e Jerusalém (Is 1.1, 10-20), Amós também anuncia o aborrecimento de Deus diante da hipocrisia manifesta nas festas e reuniões solenes de adoração.
Uma festa após outra, um aniversário após outro, um culto após outro, e nada de mudança de atitude, de submissão, de obediência à Palavra de Deus. Nunca se fez tanta festa em meio a tanta injustiça: […] os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. (Jo 4.23)

ACUSAÇÃO E REJEIÇÃO DO MINISTÉRIO PROFÉTICO DE AMÓS
Como era de se esperar, por não compactuar com os interesses dos poderosos e do “rei”, Amós é acusado de conspiração contra o rei e “convidado” a se retirar de Israel:
Então, Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não poderá sofrer todas as suas palavras. Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora de sua terra em cativeiro. Depois, Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza; mas, em Betel, daqui por diante, não profetizarás mais, porque é o santuário do rei e a casa do reino. (Am 7.10-13)
Amazias, o sacerdote de Betel, se enquadra perfeitamente nesse perfil. Bajuladores estão sempre procurando “conspiradores”, ou seja, aqueles que não se enquadram no “esquema” ou “sistema” do rei. Que na direção do Espírito alertam e denunciam o pecado. Quando os bajuladores assim agem, estão na verdade defendendo os seus próprios interesses e privilégios. Bajuladores não são amigos do “rei”, são oportunistas descarados. Você conhece algum?
“Foge para a terra de Judá […] e ali profetiza“. Como já falamos, é sempre mais confortável quando a profecia é direcionada para os outros. Amazias manda que Amós retorne ao seu lugar de origem.
Outro fato é digno de nota na fala de Amazias: “não profetizarás mais, porque é o santuário do rei e a casa do reino“.

Com certeza, como foi nos dias de Amós, Deus julgará os que na atualidade rejeitam a advertência do Senhor, e escolhem viver conforme as suas próprias concupiscências.
Penso que a melhor maneira é usando uma das frases proferidas por Amós: “Bramiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Jeová, quem não profetizará?” (Am 3.8)

A VERDADEIRA ADORAÇÃO
- A adoração corrompida e a idolatria estão entre as causas principais da manifestação do julgamento divino(veja 2Rs 17:7-20; 2Cr 26:16-20; Is 1:11-17; Am 4:4-11). Há sempre o perigo de trazermos um “fogo estranho” diante do altar e trono do Senhor(Lv 10:1-2) e contra o mesmo devemos estar sempre em guarda. Não apenas a adoração a falsos deuses é proibida nas Escrituras, mas também a adoração ao verdadeiro Deus com uma atitude errada(veja Ml 1:7-10; Is 1:11-15; Os 6:4-6; Am 5:21). Em Levitico 10 temos o registro não apenas da morte de Nadabe e Abiu, mas também somos instruídos sobre o fato de que o “fogo estranho” que eles trouxeram perante o Senhor consistia naquilo que era contrário aos mandamentos divinos quanto à adoração. Paulo repreendeu os cristãos de Corinto porque eles não se ajuntavam “para melhor, e sim para pior”(1Co 11:17), e o mesmo fez Amós com a nação de Israel(Am 4:4).

- Amós denuncia com veemência o sincretismo religioso (Am 4:4,5). Israel substituiu a verdadeira adoração a Deus por práticas sincréticas. O culto foi paganizado. A idolatria foi assimilada no culto. O povo queria chegar até Deus por meio de um ídolo. Houve uma mistura do culto cananita (adoração do bezerro) com o culto ao Senhor. A religião israelita tornou-se sincrética.

Os sacrifícios que eles traziam eram impuros, pois ofereciam coisas com fermento no altar, o que era proibido por Deus (Lv 2.11; 6.17). Deus não quer sacrifício, Ele requer obediência (1Sm 15:22,23). Não podemos sacrificar a verdade para atrair as pessoas à igreja, nem podemos acrescentar coisa alguma aos preceitos de Deus porque gostamos dessas coisas. O pragmatismo se interessa peio que dá certo, e não pelo que é certo; ele busca o que dá resultados, e não o que é verdade; ele tem como objetivo agradar o homem, e não a Deus.

Hoje vemos florescer o sincretismo religioso. Práticas pagãs são assimiladas nas igrejas para atrair as pessoas. Cerimônias e ritos totalmente estranhos à Palavra de Deus são introduzidos no culto para agradar o gosto dos adoradores. O sincretismo está na moda. Mas, ele ainda continua provocando a ira de Deus.

- A verdadeira adoração a Deus foi substituída pelo ritualismo acintoso (Am 4:4,5). A expressão externa do culto era meticulosamente observada. As aparências indicavam que Israel passava por um reavivamento espiritual. Multidões se dirigiam aos lugares sagrados (Am 5:5), levando sacrifícios e dízimos (Am 4:4; 5:21,22) e até entoando cânticos de louvor ao Senhor (Am 5:23; 6:5; 8:3,10). Eles ofereciam sacrifícios com mais frequência do que era requerido pela lei, como se quisessem provar o quanto eram espirituais. Pensavam que Deus se agradava de seus ritos ao mesmo tempo em que andavam em escandalosas práticas de pecado. Mas Deus, que sonda as intenções, via em todos aqueles rituais sagrados apenas a multiplicação das transgressões.

Os que professam ser salvos, e demonstram adorar ao Senhor, inclusive com suas ofertas, mas continuam a amar os prazeres do mundo, são uma abominação ao Senhor. Deus aceita somente a adoração e devoção dos que o amam, e porfiam por trilhar seus caminhos.

Oferta sem vida é abominação para Deus. Primeiro, apresentamos a vida no altar, depois, trazemos nossa oferta. Se Deus rejeitar a vida, Ele não aceita a oferta. Deus rejeitou Caim e sua oferta. Deus rejeitou os filhos de Eli e, por isso, a arca da aliança foi roubada. Deus rejeitou o povo de Judá e, por isso, disse que estava cansado do culto deles. Deus rejeitou os sacerdotes do pós-cativeiro e, por isso, disse que eles estavam acendendo o fogo inutilmente em sua casa.

Ainda hoje muitos pensam que as observâncias externas são as coisas mais importantes da religião. Há muito cuidado com a tradição, e pouco zelo com a verdade. Há muita preocupação com a forma, e quase nenhuma com a motivação. Contudo, essas exterioridades são meios, e não fins. Se elas vieram separadas de um coração penitente e contrito, são meios de condenação, e não de salvação.

- O profeta Amós se dirige aos peregrinos de forma irônica: “Vinde a Betel, e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões…” (Am 4:4). Amós zomba do convite à peregrinação, do hino que os peregrinos cantam enquanto caminham: “Vinde a Betel”; ele zomba de seus propósitos, dizendo-lhes que o resultado do exercício será apenas a transgressão multiplicada pela transgressão; ele zomba da meticulosidade ritualista deles nos sacrifícios e nos dízimos. Quanto mais religiosos eles se tornavam, mais longe de Deus andavam. Quanto mais egocêntricos, mais afastados da graça. Quanto mais zelosos em seus ritos, mais prisioneiros de seus pecados.

• Betel significa “Casa de Deus”, lugar de encontro com Deus e de transformação de vida. Aquele era um lugar muito especial para o povo judeu por causa de sua relação com Abraão (Gn 12:8; 13:3) e com Jacó (Gn 28:10-22; 35:1-7). Mas agora Betel era o “santuário do rei”, onde Amazias, o sacerdote, servia (Am 7:10-17). Eles vinham a Betel para pecar. Vinham para transgredir. Eles frequentavam o templo, mas não adoravam a Deus. Eles traziam ofertas, mas não o coração. Hoje, semelhantemente, há um batalhão de gente na igreja sem conversão. Quem não é santo, não é salvo. Deus nos salva do pecado, e não no pecado (1João 2:3; 3:6,9; 5:18).
• Gilgal significa o lugar da posse da bênção, o lugar da conquista e da vitória. Todavia, eles vinham a Gilgal e voltavam vazios, derrotados pelos seus pecados. Eles só vinham para multiplicar as suas transgressões. Isso acontece também hoje: muitas pessoas estão na igreja, mas caminham para a morte.

- A motivação do culto em Betel e em Gilgal não era glorificar a Deus, mas agradar a eles mesmos. A verdadeira adoração a Deus foi substituída pelo movimento humanista (Am 4:4,5). A religião não era uma expressão de adoração, mas de auto-gratificação. A religião não era um meio de se humilharem diante do Todo-poderoso, mas de satisfazer sua própria vaidade carnal. Eles oprimiam os pobres e bebiam vinho porque gostavam disso. Eles iam ao templo não para buscar a Deus, mas porque gostavam disso. Seus ritos e seus sacrifícios eram apresentados não a Deus, mas a eles mesmos. Era um culto humanista, em que jamais eram confrontados a mudar de vida. Suas apresentações musicais se tornaram cânticos fúnebres (Am 5:23; 8:3,10).

Portanto, a verdadeira adoração a Deus não é a observância meramente formal da liturgia religiosa: é o “ouvir” e o “praticar” a vontade de Deus; consiste no espírito quebrantado e num coração contrito. Deus exige de seu povo verdadeira adoração.

CONCLUSÃO
Em Amós, vemos que Deus observa a vida do homem em todos os seus aspectos e que somente a libertação do pecado pode proporcionar paz, segurança, justiça e verdadeira igualdade social. Em Amós, nota-se a necessidade de Alguém que venha tirar o pecado do mundo para que haja a tão almejada época de justiça e paz na humanidade. Esse Alguém é Jesus Cristo. “Vem, Senhor Jesus!”.
Em nosso mundo do século XXI, em que opera ainda a maldição proferida na hora da queda do homem, há uma abundância adequada para todos os sete bilhões que habitam no planeta. A cobiça (esta praga humana que exige lucros cada vez maiores), faz com que a metade da humanidade tenha fome, enquanto a outra metade viva fartamente, jogando fora milhares de toneladas de comida cada dia. Mas não será sempre assim. Um dia (”naquele dia”), quando Cristo tomar conta do mundo, quando houver novos céus e nova terra, cumprir-se-á o último sonho do heróico compeão do Senhor, Amós, de Tecoa no sertão.

FONTES DE CONSULTA
Revista Educação Cristã – Volume III – SOCEP – Sociedade Cristã Evangélica de Publicações Ltda
Gilberto, Antônio – A Bíblia Através dos Séculos – CPAD
Bíblia de Estudo Vida
A Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
Pr. Jairo Teixeira Rodrigues
Líder da AD em Matriz do Camaragibe

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