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10 de novembro de 2012

Lição 6 - Jonas, a misericórdia divina

Comentário da lição bíblica para o fim de semana
Introdução
Nesta lição, vamos aprender que a Misericórdia é um Sentimento de solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia; compaixão, piedade. A história de Jonas, que fascina crianças e adultos, é mais conhecida por narrar a experiência do profeta no ventre do grande peixe. No entanto, esse acontecimento não deve ofuscar o milagre maior: a conversão de uma cidade pagã. Os dois milagres foram mencionados pelo Senhor Jesus e continuam a impressionar ao longo da história. “E veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo:” (Jn 1.1).

É Deus quem soberanamente vocaciona profetas. A vocação soberana de Deus para os diversos ministérios pode ser confirmada através de sua Palavra (Gn 12.1-2; Êx 3.10;). Profeta não é cargo. Cargos se negociam, podem ser vendidos, comprados ou trocados. O ministério profético é concessão divina.O profeta pode ser originário de qualquer classe social, pode ter ou não um bom nível de educação formal, pode ser ou não eloquente, mas uma qualidade precisa ter: integridade diante do povo e santidade diante de Deus.O profeta não é um homem perfeito, mas precisa caminhar constantemente nesta direção, buscando ao máximo a maturidade espiritual.

A palavra do Senhor veio até Jonas. Por qual motivo? Pelo simples fato de que Deus assim quis. A palavra do Senhor vem para quem Ele resolve concedê-la.
Que a palavra do Senhor continue vindo aos seus profetas!
“Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.” (1.2)
É Deus quem soberanamente determina para quem sua palavra será direcionada. Deus deseja que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.4), mas quem determinar em última instância a direção de sua mensagem é Ele. Nem sempre Deus concorda com o nosso plano missionário ou evangelístico. O Espírito Santo impediu num determinado momento que a palavra fosse anunciada na Ásia, para que a Macedônia recebesse a pregação do evangelho (At 16.6-12). Na ordem do alcance dos povos, primeiro veio o judeu, para depois vir o grego (Mt 15.24; Jo 10.16; Rm 1.16; 3.1-2).

O campo missionário de Jonas seria Nínive (para discussões sobre as questões geográficas sugiro o comentário de T. Desmond Alexander, da série cultura bíblica, Editora Vida Nova). Deus não se submete à lógica humana. É o Senhor quem conhece perfeitamente as necessidades dos povos e nações. Quando pensamos em evangelizar os aparentemente mais quebrantados em relação ao evangelho, Ele nos direciona para os mais hostis. Dessa maneira, sempre é proporcionada a oportunidade da graça superabundar onde o pecado abundou (Rm 5.20). Não foi assim com Paulo, o grande perseguidor (At 9.15-16)? Não terá sido assim com você?
Da perspectiva do profeta, Nínive seria uma nação improvável para a salvação, cabendo-lhe apenas uma sentença divina condenatória, um clamor contra ela por causa de sua malícia (hb. ra‘, mal, mau nocivo, ruindade, ofensa, maldade). Não pensamos muitas vezes como Jonas? Não tememos muitas vezes como ele temeu? Não tentamos fugir como ele fugiu numa direção totalmente contrária a de Deus?

I. O LIVRO DE JONAS
1. Contexto histórico. Salta aos olhos de qualquer leitor que Jonas é da época do império assírio, cuja capital era Nínive. O nome do rei ninivita impactado com a pregação de Jonas, segundo se diz, é Adade-Nirari III, falecido em 783 a.C. Nessa época, Jeroboão II, filho de Joás, reinava em Samaria, sobre as dez tribos do Norte.

2. Vida pessoal. Jonas se apresenta apenas como filho de Amitai (1.1). Ele é mencionado em outras narrativas bíblicas e, por essa razão, sabe-se que era profeta do Reino do Norte, natural de Gate-Hefer, tendo vivido na época de Jeroboão II (2 Rs 14.23-25). Gate-Hefer localizava-se na terra de Zebulom (Js 19.13), nas proximidades de Nazaré da Galileia.

Jonas, que deveria ir para Nínive clamar contra esta cidade, desobedeceu à ordem divina, procurando fugir para Társis. É o único profeta bíblico, do qual se tem notícia, que tentou resistir ao Senhor. Ele seguiu em direção oposta. Társis, segundo Herodoto, é a mesma Tartessos, na orla ocidental do Mediterrâneo, a sudoeste da Espanha, ideia aceita pela maioria dos pesquisadores bíblicos. Será que Jonas não conhecia a onipresença de Deus? (Sl 139.7-10)
3. Estrutura e mensagem. O livro contém 48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos. Apesar de começar com estrutura profética (1.1), a mensagem é apresentada em estilo biográfico. Não deixa, contudo, de ser uma profecia da história de Israel, ao mesmo tempo em que anunciam o ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo (Mt 12.39-41; 16.4). O tema principal do livro é a infinita misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as nações.

II. O GRANDE PEIXE
1. Baleia ou grande peixe? Na Bíblia Hebraica e na Septuaginta, o versículo 17 é deslocado para o capítulo seguinte (2.1). A língua hebraica não dispõe de termo técnico para “baleia”. Essa palavra é usada como resultado de uma interpretação tradicional que atravessou séculos. As Escrituras Hebraicas empregam dag gadol, “grande peixe”, uma vez (1.17;2.1), e simplesmente dag, “peixe”, três vezes (1.17; 2.1,10). A Septuaginta traduz ketei megalo por “grande monstro marinho”, e ketos por “monstro marinho”, a mesma palavra usada no Novo Testamento grego (Mt 12.40).
2. Interpretação. Não há indício algum no texto para que ele possa ser interpretado como alegoria, ficção didática, mito, lenda etc. Rejeitamos todas essas linhas de pensamento, pois o oráculo foi entregue a Jonas no mesmo estilo dos outros profetas (1.1; Jr 33.1; Zc 1.1). Além disso, o Senhor Jesus Cristo, a maior autoridade no céu e na terra, interpretou o livro como histórico, assim como históricos foram o ministério e a ressurreição do Mestre. O Novo Testamento é a palavra final, e isso encerra qualquer questão (Mt 12.39-41; 16.4). É Deus quem soberanamente controla e dirige as decisões humanas para que o seu supremo propósito se realize. A sorte caiu sobre Jonas, ou seja, ele de fato era a causa de todo o problema, e o Senhor não omitiu isso dos marinheiros, nem do próprio Jonas (1.12).

Em Atos 1.26 acontece um caso semelhante onde o lançar sortes indica Matias como sucessor de Judas, decisão essa regada sobre oração (At 1.24). No meu entendimento a escolha de Matias foi acertada. O argumento que alguns usam para desqualificá-lo, de que o seu nome não é mais citado na Bíblia é falho, pois entre os Doze que andaram com Jesus, alguns não são mencionados fora dos evangelhos.

A soberania de Deus nas questões humanas é manifesta em Daniel 2.21: “Ele muda os tempos e as horas; ele remove reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes.” O sábio afirmou: “Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina.” (Pv 21.1). A liberdade humana se rende sempre que entra em confronto com a soberania de Deus, quando este decide executar os seus planos para o bem maior de seus filhos. Sim, Deus controla os acontecimentos!
III. A MISERICÓRDIA DIVINA
1.A conversão dos ninivitas (3.8,9). O curto relato do livro de Jonas serve como prenúncio da graça salvadora para todas as nações (Tt 2.11). Os ninivitas foram salvos pela graça, pois “creram em Deus” (3.5) e “se converteram do seu mau caminho” (3.10). As obras foram consequência da sua fé no Deus de Israel.

Por mais belos e bem estruturados que sejam os sermões, eles não serão plenamente eficazes se a mensagem não for dada por Deus. Por mais eloquente e polido que seja o mensageiro, isso não substitui a necessidade de uma palavra vinda do Senhor.
Devemos estudar, pesquisar, nos preparar, mas nunca esquecendo de buscar em Deus a sua palavra, a mensagem para o seu povo. Precisamos esperar até que a palavra queime em nosso coração. Precisamos sentir o poder da palavra antes de transmitirmos essa palavra. Ela precisa nos impactar, antes de impactar nossos ouvintes.

O poder de uma mensagem não está necessariamente relacionado com o seu tamanho ou polidez. Mensagens curtas podem ser poderosas. O poder de uma mensagem está em a mesma vir da parte do Senhor, se fundamentando em sua palavra escrita, a Bíblia Sagrada. Deus não se contradiz.
A mensagem de Jonas foi curta (apenas cinco palavras no hebraico) e poderosa, promovendo nos ninivitas fé, confiança (hb. ‘aman), humilhação e conversão (hb. subh, voltar-se, mudar de direção, regressar) para com Deus (3.5-9).

2. O “arrependimento” de Deus. O arrependimento humano é mudança de mente e de coração, de pior para melhor. Quando a Bíblia fala que “Deus se arrependeu” (3.10), parece confundir-nos um pouco, pois Deus é perfeito e imutável, não pode mudar, nem alterar a sua mente (Ml 3.6). A explicação para uma declaração como essa é a linguagem antropopática, um modo de falar em termos humanos, ou se trata de uma questão de ordem exegética, que é o nosso caso aqui. Quem mudou, na verdade, foi o povo, e nesse caso o perdão é parte do plano divino (Jr 18.7,8).
3. Explicação exegética. O texto sagrado declara que “Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho” (3.10a). O verbo hebraico aqui é shuv, literalmente: “voltar-se, retornar”, frequentemente usado para indicar o arrependimento humano. A respeito do “arrependimento” de Deus, que vem na sequência (3.10b), o verbo é outro, nanam, “ter pena, arrepender-se, lamentar, consolar, ser consolado” (Gn 6.6; 1 Sm 15.11; Jr 8.18).

Deus não está interessado se o profeta ficará preocupado com a sua reputação, se aprovará ou não a sua decisão final, se ficará ou não ressentido (4.1) quando soberanamente resolve suspender uma decisão sua já anunciada, e isso baseado na mudança da atitude dos homens em relação a Ele.
Todos os atributos morais de Deus trabalham em conjunto. Os seus atos de justiça são parceiros de seus atos de misericórdia (hb. hus, ter piedade, compadecer-se, poupar, perdoar). Quando necessário, o Senhor usará de misericórdia para com aqueles que se humilham em sua presença (Is 38.1-5).
Jonas ficou ressentido com a misericórdia de Deus estendida aos ninivitas. Desejaria ele que os moradores de Nínive fossem destruídos incondicionalmente? Desejaria ele o fim de um grande inimigo de seu povo? Nínive experimentou em seu tempo o que Paulo escreveu aos efésios:
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos) […].” (Ef 2.4-5)
Assim como o profeta Jonas, muitos precisam aprender com a “Pedagogia da Aboboreira” (4.6-11), indispensável para se manter a coerência entre o discurso e a prática da misericórdia, da bondade, da longanimidade, do perdão e do amor.

IV. A JUSTIÇA HUMANA
1. Descontentamento de Jonas (4.1). Jonas foi bem-sucedido em sua missão. Qualquer profeta de Israel, ou mesmo algum pregador de hoje, sem dúvida alguma ficaria satisfeito com o resultado do trabalho. A Bíblia não revela a razão do descontentamento de Jonas, senão o que o ele mesmo afirma, ao dizer que sabia que Deus é “piedoso e misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que te arrependes [niham] do mal” (4.2b).

2. Jonas esperava vingança? O império assírio foi um dos mais cruéis da história e tinha domínio sobre todo o Oriente Médio. Será que Jonas esperava uma vingança como retaliação por terem os assírios massacrado o seu povo? O certo é que, ainda hoje, há crentes que se incomodam com o retorno à Igreja dos que se acham afastados do rebanho. Quem não se lembra do irmão mais velho do filho pródigo? (Lc 15.25-32). Às vezes, a bondade divina incomoda alguns (Mt 20.15).
3. Compreendendo a misericórdia divina. A misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Êx 34.6; Jr 31.3). O Senhor poupou Nínive da destruição, prorrogou a sua ruína, e perdoou os seus moradores. O próprio Jonas, na qualidade de desertor, também foi alvo da infinita bondade de Deus.

CONCLUSÃO,
Jonas transmite-nos uma importante lição prática. O relato em si mostra a diferença abissal entre a bondade divina e a justiça humana. Aos ninivitas Deus falou por intermédio de Jonas. Hoje, Ele fala através de Jesus, que continua a salvar, a curar e a batizar com o Espírito Santo (Jo 14.16; At 4.12). Ele mesmo disse: “E eis que está aqui quem é maior do que Jonas” (Mt 12.41 - ARA). O Mestre operou sinais, prodígios e maravilhas como nenhum outro antes ou depois dele, e deu oportunidade de salvação a todos (At 10.38). Mesmo assim, foi rejeitado pela sua geração (Jo 1.11). Por isso, lançou em rosto a incredulidade dos seus contemporâneos e elogiou a fé dos ninivitas por haverem ouvido a pregação do profeta e arrependido de seus pecados. Assim Jonas aprendeu a lição:
• Que a salvação não é recebida por obras, mas pela graça mediante a fé demonstrada pelo arrependimento, como ocorreu com os ninivitas (Rm 10.9; 13; Ef 2.5; 8);
• Que o Deus dos hebreus, também expressava amor e interesse pelo mundo todo, e que oferecia o perdão e salvação até mesmo aqueles que Jonas preferia odiar (Jn 4.10-11);
• Que ele mesmo experimentou o perdão de Deus quando foi desobediente e recebeu uma nova oportunidade para obedecer, e esta mesma oportunidade foi dada aos ninivitas (Jn 2.1-10; 3.1);
• Que Deus julga a iniquidade em todas as esferas e, do mesmo modo, reage ao arrependimento de todas as nações (Ez 18.21).

Ao estudar o livro de Jonas, percebemos que fora escrito com o propósito de lembrar o alto valor da pregação missionária. Deus não quer que ninguém se perca, mas deseja que todos venham ao arrependimento (2Pe 3. 9). E que apesar das imperfeições do pregador, a mensagem de Deus alcançou o resultado desejado e sua imensa compaixão pelos homens foi demonstrada eficazmente.

REFERÊNCIAS
• GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA
• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.
• SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra-CPAD,2010.

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